quarta-feira, 26 de abril de 2017

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Eu Tenho uma Chave

Agora é boa noite bons sonhos! 
que não educamos nossos filhos com discursos, mas exemplos antagônicos. 
Sonharei que chego a uma casa desconhecida, que giro a chave na fechadura e entro em uma sala escura e misteriosa. Eu não sei porque estou com a chave, nem tampouco de quem é a casa, ou porque estou ali, voltar para a rua é meu primeiro impulso, mas resolvo abrir a janela antes, deixar a luz entrar e depois sair. Imediatamente penso em chuva inundando aquele ambiente que apesar da penumbra me abraça acolhedor. Determino abrir a janela mas deixar o vidro fechado. Que entre a luz e fique beneficiando a casa quando eu me for. 
Abro a vidraça empurro a veneziana e a luz envolve tudo. O assoalho limpo reflete riscando o chão no vinco dos tabuões lustrosos. De costas para a parede do grande senhor está um sofá confortável verde, observo os quadros pequenos colocados diagonalmente pelas paredes... 
Eu poderia vir a me sentir bem vivendo ali. Mas eu  tenho compromissos e sigo para a porta. 
Sobre um aparador molduras bonitas de porta-retratos metálicos chamam minha atenção, ao aproximar-me para ver as fotos antigas, encontro uma em que minha avó materna posa serena para um retrato com mais duas senhoras. Este enigma eu não consigo resolver. Eu estou só sonhando, mesmo...mas gostaria tanto de saber! 
Então, de surpresa passo a assustada, pois é meu avô paterno que está em outra foto, com os homens, todos em traje militar com espadas compridas que das cintas chegam ao chão. 
É a fotografia em sépia que tenho uma cópia em casa...em casa. Minha outra casa. 
Eu posso entrar em qualquer casa?

Foto: Detalhe do quadro O Beija-Flor, Joseph e Minha Família, Com Chris. Trabalho exposto no 26° Salão de Arte de Pinheiros como Hors Concour